A história capaz de mover sua audiência
Para fazer diferença, você precisa comunicar estrategicamente o seu impacto social
'Quando você pensa em garimpo de ouro, o que vem na sua cabeça?'
A pergunta surgiu depois de dois dias ao lado de lideranças indígenas, pesquisadores, analistas de dados, servidores, promotores, cientistas políticos, dentre tantos outros atores que se reuniram, em Brasília, para pensar a cadeia de trabalho escravo no garimpo do ouro no Tapajós. Fui à convite da UNODC, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. Levei a provocação para as redes:
Ali, naquele encontro, cada um de nós carregava a sua história sobre o mesmo assunto, uma mostra da imensidão de possibilidades - e também do desafio- de encontrar a solução para mover uma audiência específica.
Quem se debruçou sobre o território e segurança mapeou destruição — o garimpo ilegal cresceu 787% entre 2016 e 2022 em terras indígenas-, convergência de crimes e narcotráfico. Auditores do trabalho, com trabalho análogo ao de escravo. Quem escutou o trabalhador do garimpo mapeou mutilação e "devastação emocional".
Fora dali, nas plataformas digitais, 'desinformeiros' chamam o garimpo de atividade 'artesanal' e defendem o avanço da mineração com a bandeira do progresso - há três anos as histórias se repetem no nosso monitoramento do Mentira Tem Preço.
O novo filme do cineasta Jorge Bodanzky, 'Amazônia, a nova Minamata?', mostra o impacto do mercúrio na saúde da população indígena - mulheres Munduruku abortam, bebês nascem com malformações, adultos definham (tem imagens minhas e do Fernando Martinho, minha dupla de trabalho há vinte anos, no filme). Por isso que o garimpo, para os povos da floresta, não pode significar outra coisa que não morte, violência física e sexual e outras doenças.
Há mais de uma década a voz da líder Munduruku Alessandra Korap ressoa em mim contra o garimpo 'que mata e desmata' - 'Todos os indígenas de três aldeias Munduruku no Pará estão contaminados por mercúrio do garimpo'.
Foto: Fernando Martinho / FALA
Escrevo sobre trabalho análogo ao de escravo há muitos anos, uma jornada de histórias dilacerantes que me marcaram profundamente — contei uma delas para você por aqui. Em muitas cidades amazônidas, o garimpo é vendido como empreendedorismo individual e a chance de abandonar a pobreza. Para quantos? A história do superenriquecimento é do empresário do garimpeiro, que desembolsa, em média, R$ 2 milhões para empreender na cadeia do ouro (a maioria ilegal), segundo Aiala Couto, quilombola, pesquisador e professor da UFPA.
Será que estamos contando todas as histórias que precisam ser contadas?
Por isso a provocação sobre contar a história certa para cada audiência e olhar, sempre, para o micro e para o macro em busca de mudanças reais. É uma dor que você e sua equipe (ou a sua organização) precisam resolver.
Encorajo você a fazer o exercício. Quando o mapa de ideias se esgotar, pense na sua audiência. O que vai movê-la? Como?
Um pocket briefing para ajudar você
Qual é a mensagem principal da sua história?
O que não pode ficar de fora?
Qual é o tom da conversa?
Sobre o público: o que vocês querem que o material desperte nas pessoas? O que a gente quer que elas façam?
Temos referências?
Você ou sua organização já sentiram essa dor? Chame a gente para conversar: thais@fala.art.br
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Em que momento…
… PDF virou hit no LinkedIn? Pois. Foi essa minha reação quando a Cássia, nossa estrategista digital, compartilhou que PDF era top 1 em alcance na plataforma.
Uma provocação: quem pode imaginar?
“Quando as gerações futuras olharem para trás, certamente culparão os líderes e os políticos desta época pelo seu fracasso na resposta à crise climática. Mas podem muito bem considerar os artistas e os escritores igualmente culpados – pois imaginar possibilidades não é, afinal de contas, trabalho de políticos e burocratas", escreveu o romancista Amitav Ghosh.
⚡⚡⚡ Sempre tem mais…
Para ver agora: um coração muda tudo
Cartórios de São Paulo registraram aumento de 128% do desejo de ser doador de órgãos depois que o apresentador Fausto Silva, o Faustão, 73, recebeu um transplante de coração e foi às redes defender uma decisão que salva vidas.
Para ver com calma
O Território, de Alex Pritz, Disney Plus.
Documentário premiadíssimo em festivais de cinema mundo afora, mostra como indígenas da etnia Uru-Eu-Wau-Wau, de Rondônia, foram obrigadas, na ausência do governo, a se organizar para patrulhar e proteger o território de invasores. Na produção executiva, a incansável e inspiradora liderança brasileira Txai Suruí, eleita pela Time entre as 100 lideranças do futuro da revista 'Time'.
Utilidade pública
😵 Já utilizou a ferramenta de tradução simultânea no Google Meets?
Testamos e aprovamos a tradução simultânea, por legenda, do Meets. Fica a dica: quem criou o evento precisa atualizar o idioma toda vez que mudar.
🧐 Como cobrar direito pelo seu serviço.
Seria incrível ter um desses no Brasil!
💌 Essa news é escrita pela jornalista Thais Lazzeri, fundadora da FALA, um estúdio de impacto em direitos humanos, meio ambiente e democracia. Aqui ela compartilha estratégias, tendências e insights para potencializar ações de comunicação e conteúdo em ESG.
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