Essa newsletter era outra até a força da água levar pessoas, casas, lavouras e sonhos no Rio Grande do Sul. São quase 40 pessoas mortas, 60 desaparecidas e 130 cidades impactadas. O trabalho em redações jornalísticas nos ensina que a notícia se impõe. É preciso parar.
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Escrevo direto do Chile. Vim à convite da Unesco para a Conferência Global “A press for the planet” (Uma imprensa para o planeta). Ao lado de colegas inspiradores, apresentei o nosso Mentira Tem Preço, que mostra o culto alto da desinformação sobre clima, meio ambiente e discurso de ódio.
Vamos aos fatos: eventos extremos são mais frequentes e mais intensos em razão das mudanças climáticas. Por isso, mitigação e adaptação (e financiamento para) são os temas mais discutidos das últimas COPs.
A questão é: se as pessoas não sabem ou não reconhecem como um problema, se não conseguem conectar o que acontece em seu dia a dia com as mudanças do clima ou ainda se não acreditam que existe mudança climática, não existe pressão por políticas públicas. É um ciclo.
Hoje, no painel de abertura do evento da Unesco, ouvi uma frase inspiradora de Michelle Bachelet, médica e ex-presidente do Chile.
"O futuro das crianças é hoje."
A urgência se impõe.
Como transformamos a urgência em ações dentro dos nossos projetos e das nossas organizações? Paramos tudo? Mesmo?
No livro Indomável, Glennon Doyle costura a vida do outro dentro da própria vida, um exercício de empatia diário. "Amanhã pode ser você", ela escreve - algumas vezes -, fazendo com a que a gente experimente se colocar no lugar do outro. É poderoso.
Convido você a parar agora o Rio Grande do Sul: como ajudar? Confira esta reportagem
2 lições do Web Summit
Saí impressionada: a capacidade que pouquíssimos tiveram para entregar TUDO em um pitch curtíssimo. Um mistro de treino e entender muito do seu negócio, mas, acima de tudio, saber exatamente qual é a mensagem que você quer grudar na cabeça da plateia. Em uma palavra, intenção. Não desperdice nenhuma chance.
Senti o golpe: Nossas batalhas contam quem somos. Quem trabalha com direitos humanos, meio ambiente e democracia sabe o quanto carrega. A gente precisa acreditar muito e estar amparado para não se despedaçar. A história do trainee para pessoas negras do Magalu - e do discurso de ódio contra um projeto inovador - é um exemplo. Depois da publicação da notícia do trainee para pessoas negras, a empresa foi atacada, por dias consecutivos, nas redes sociais. Resistiram e fizeram história.
Ainda refletindo: sobre a maratona de palestras a cada 20 minutos ou menos (e o fato do cronograma não levar em consideração o tempo de deslocamento).
Sempre tem mais
Para ler agora: Como mensurar impacto?
Não acredito em fórmulas prontas, mas na construção do que é melhor para cada projeto ou organização. A partir da página 37 do estudo Measuring Narrative Change, você encontra referências para construir o seu plano de impacto.
Para ver com calma: Amazônia, A Nova Minamata?, de Jorge Bodanzky, na GloboPlay. Nunca esqueci da mulher que disse": 'não quero engravidar porque o bebê ou vai morrer dentro da minha barriga ou vai nascer e não vai sobreviver'. É uma mulher indígena do povo Munduruku, no Pará - sim, o estado que vai abrigar a COP30. Indígenas Munduruku estão com níveis alarmantes de mercúrio no organismo. Como a história na Amazônia repete a história de Minamata, no Japão, onde a população sofre sequelas gravíssimas no sistema nervoso central.
Um desejo: que você seja a ponte de alguém
Creditos: IG @newhappyco